Diversas investigações têm sido desenvolvidas, particularmente desde as últimas décadas do século XX, com o objetivo de estudar a influência da música
no desenvolvimento das crianças.
Alguns estudos têm demonstrado inclusivamente que, ainda no útero materno, os bebés conseguem ouvir música,
respondendo aos estímulos sonoros com pontapés e outros movimentos.
Da mesma forma, os recém-nascidos e os bebés mais crescidos parecem também ser
influenciados pela música, respondendo a esta com balbucios melodiosos e movimentos extasiados dos braços e das pernas.
Por seu lado, as crianças
com idades compreendidas entre 1 e 5 anos, estando numa fase pré-simbólica, mais do que palavras, ouvem a melodia das frases.
É por esta razão que se
atemorizam com um tom de voz zangado e se deleitam com um tom de voz meigo e terno, mesmo quando no primeiro caso se estejam a dizer coisas positivas e,
no segundo, negativas.
Quando se fala de “desenvolvimento” parece haver uma tendência para se limitar o pensamento ao nível físico ou cognitivo
(intelectual).
Todavia, importa destacar que, quando falamos de desenvolvimento infantil referimo-nos, não apenas ao desenvolvimento físico ou
cognitivo, mas também ao desenvolvimento afetivo e social.
Neste sentido, a música constitui um elemento-chave nos primeiros anos de vida por
estimular um vasto conjunto de competências – ao nível físico, mental e psicológico –
e por promover não apenas o desenvolvimento cognitivo, mas
também afetivo e social. Já Schoenberg dizia que “a música é uma sucessão e combinação de tons, organizados de tal forma que deixam uma impressão
agradável no ouvido,
e a sua impressão na inteligência é compreensível…
Estas impressões têm o poder de influenciar partes ocultas da nossa alma e das nossas feras sentimentais.” No que se refere ao desenvolvimento
cognitivo, os estudos têm demonstrado que a música
pode estimular a aprendizagem, o raciocínio lógico, a memória e o raciocínio abstrato. De facto,
cada vez mais, a música é introduzida na educação infantil, em meios de ensino pré-escolar e escolar,
e isto explica-se, não só pelo seu caráter
lúdico (muito atrativo e apelativo para os bebés e para as crianças), mas também pelo seu potencial de estímulo à aprendizagem e ao desenvolvimento de
competências cognitivas básicas.
No que concerne ao desenvolvimento afetivo, os estudos têm mostrado que a música, pelo seu caráter relaxante, pode
ajudar a acalmar os bebés. Muitas mães já repararam que, colocar o bebé do lado esquerdo do seu peito,
deixa-o mais calmo e tranquilo. A
explicação para isto é fácil de compreender: nesta posição o bebé ouve o mesmo som que ouvia quando ainda no útero materno, ou seja, o som do coração
da mãe.
Os estudos desenvolvidos neste campo têm demonstrado que a exposição ao som de batimentos cardíacos tem um efeito tranquilizante para os
bebês.
De forma semelhante, com a exposição a músicas e melodias suaves, os bebés tendem a permanecer mais calmos.
Podemos afirmar assim que a
música e o afeto parecem andar lado a lado quando falamos do desenvolvimento afetivo das crianças. Ao nível do desenvolvimento social importa destacar
que a música exerce uma forte influência no campo da maturação social da criança, uma vez que a insere na sua própria cultura e ritos comunitários
(celebrações de aniversários, acontecimentos religiosos, festividades, etc.).
Em suma, a música reveste-se de grande importância desde cedo na
infância e mesmo antes do nascimento: o feto ainda no ventre materno,
o bebé recém-nascido ou a criança que experimenta os primeiros passos, quando
expostos a estímulos sonoros adequados, beneficiam de um ambiente que potencia um desenvolvimento harmonioso.
Os resultados dos estudos científicos
mostram que a música potencia a aprendizagem e o desenvolvimento de importantes competências cognitivas, transmite emoções e afeto, e marca importantes
experiências de vida pessoais e sociais,
constituindo por isso um elemento-chave para o desenvolvimento global, particularmente nos primeiros anos
de vida..